secretariado@spzn.pt https://spzn.pt/uploads/seo/big_1714128161_9668_big_1711985899_8530_spzn_logo_new.png

José Cordeiro, no ciclo de webinários sindicais: "O movimento sindical não pode deixar ninguém para trás"


16 Abril 2021

Atualidade

José Cordeiro, no ciclo de webinários sindicais:

José Cordeiro, Secretário-Geral Adjunto (SGA) da União Geral de Trabalhadores (UGT) e dirigente do Sindicato Democrático dos Professores da Grande Lisboa (SDPGL) foi o primeiro convidado do ciclo de Webinários com dirigentes sindicais "Desafios aos Sindicatos na pós-pandemia", organizado pela Federação Nacional da Educação (FNE) e pelo Canal4 da AFIET, que contou com a moderação de Pedro Barreiros, Vice-Presidente da AFIET.


O diálogo abriu com o dirigente sindical da UGT a defender que o futuro exige mudanças nas relações sociais, recordando que o papel do sindicato depende acima de tudo "daquilo que o sindicalista faz na procura por justiça aos injustiçados. A missão de um sindicalista é equilibrar as partes quando não há justiça, sendo que esse é, para mim, o grande objetivo da negociação coletiva". E acrescenta: “Na mitologia grega, na Caixa de Pandora ficou a esperança. E todo o movimento sindical se rege  pela Esperança”.

José Cordeiro partiu para uma breve reflexão histórica sobre aquilo que foi a construção da UGT, nascida com Sá Carneiro e Mário Soares. E começou por fazê-lo recordando as palavras do político e professor universitário, Mário Sottomayor Cardia, para quem “a última das liberdades conquistadas com Abril foi a liberdade sindical", acrescentando depois a importância da UGT na democratização do movimento sindical em Portugal, que proporcionou o diálogo social, a negociação coletiva, o aparecimento de sindicatos democráticos, algo que demonstra o papel fundamental dessa conquista da central sindical.

Especialista em Filosofia Política e intervenção sindical, José Cordeiro não tem dúvidas que, vários desafios e conquistas depois, "a UGT tem hoje capacidade para se tornar na maior Central Sindical portuguesa. Acima de tudo, porque tem provado que consegue adaptar-se aos novos tempos, sem amarras ideológicas".

A UGT tem um foco muito relevante, que é a concertação social. Mas não vive só do panorama nacional, pois "a Central é reconhecida internacionalmente. Entre outras, a UGT tem reuniões na ONU, no FMI, na OCDE, na União Europeia e tem 'arcaboiço' para se aguentar, tendo até algo praticamente irrepetível que é o facto de Maria Helena André, sindicalista da UGT, ser Diretora do Departamento das Atividades dos Trabalhadores (ACTRAV) da OIT - Organização Internacional do Trabalho, em Genebra". Por outro lado, é a única central portuguesa na Confederação Sindical Internacional (CSI) e no Comité Sindical Consultivo da OCDE – TUAC.


Oportunidade perdida no reforço da concertação social

Para José Cordeiro o futuro passa sempre "pela concertação social. Mas estes tempos (de pandemia) são atípicos, não se podem comparar com nada", considerando que se perdeu uma oportunidade de reforçar o papel da concertação social no mundo do trabalho. Falando mais diretamente do relacionamento do Governo com as organizações que representam os trabalhadores, o SGA da UGT afirma categoricamente que a 'geringonça' também tem enfraquecido duramente o papel dos sindicatos.

Perguntado sobre o modo como a UGT tem vivido os tempos da pandemia, José Cordeiro assumiu positividade nas respostas alcançadas pela Central Sindical aos desafios colocados: "Não há muito tempo vivemos as contrariedades da Troika, mas a crise da COVID foi igual para todos. O primeiro grande objetivo da UGT foi proteger rendimentos e postos de trabalho. Porque o movimento sindical não pode deixar ninguém para trás. É preciso muito empenho na proteção dos trabalhadores".

Mas também há muitos aspetos negativos, acima de todos o desemprego, que ele classifica como uma nuvem negra, o grande desafio do presente e do futuro. O convidado da FNE/AFIET sublinha ao mesmo tempo algumas áreas que a UGT não deixou cair durante a pandemia, como "o subsídio de refeição, o layoff pago a 100% ou a defesa dos trabalhadores do ataque de empregadores ao mundo do trabalho, como vimos nos EUA e na Alemanha".

Relativamente ao passo seguinte, para o SGA da UGT "vamos ter o grande desafio da forma como se vai desenvolver o modelo da reindustrialização da Europa e como vai ser realizado o financiamento do emprego jovem". Esperam-se pois, para a UGT e para o movimento sindical de todo o mundo, tempos que vão implicar novas formas de luta contra a precariedade, quando à segmentação do emprego, das questões que o teletrabalho levanta, dos salários baixos e da luta por um salário mínimo europeu. José Cordeiro recorreu a um estudo nacional de 2019 para acrescentar que "até 2030, 700 mil trabalhadores portugueses podem ter que adquirir novas competências, incluindo educadores e professores. Daí termos de estar muito atentos a todas estas situações".

No momento de lançar algumas das questões colocadas pelos participantes deste webinário, Pedro Barreiros anotou o modo como "os trabalhadores percecionaram o trabalho dos sindicatos durante a pandemia, para a forma como os líderes sindicais olharam para o modelo de sindicalismo adotado neste período tão atípico e como fazer a transição para o período pós-pandemia". 

A fechar, José Cordeiro lembrou que "nos países onde o sindicalismo é mais avançado as sociedades são também mais justas. Felizmente que hoje os governos percebem que o diálogo social é importante. Mas ser sindicalista ainda incomoda muita gente". Relativamente ao  sindicalismo jovem, o SGA da UGT sublinha que “o problema da juventude e dos sindicatos já é velho. Não podemos esquecer que, hoje em dia, os jovens mudam muito de emprego, estão num setor agora e amanhã estão noutro. E os recibos verdes continuam infelizmente a proliferar no mundo do trabalho”.

Por isso, talvez seja altura de “se rever o modelo de organização sindical e lutar por essa alteração", pois com a globalização e na globalização a UGT tem de estar sempre na primeira linha, para que o movimento sindical saia ainda mais reforçado depois desta pandemia.


Reveja aqui a intervenção de José Cordeiro e leia a reportagem completa sobre este webinário na edição de abril de 2021 do JORNAL FNE.

 




Notícias Relacionadas

SPZN envia ofício à tutela sobre a Cessação dos Contratos de Substituição Temporária

SPZN envia ofício à tutela sobre a Cessação dos Contratos de Substituição Temporária

Na sequência das queixas dirigidas pelos nossos associado...

16 Abril 2021

FNE prepara próximo ano letivo no Luso

FNE prepara próximo ano letivo no Luso

O Secretariado Nacional (SN) e o Conselho Geral (CG) d...

16 Abril 2021

Concursos 2024/25 - Avanços ainda sem corresponder às necessidades das escolas

Concursos 2024/25 - Avanços ainda sem corresponder às necessidades das escolas

A Federação Nacional da Educação (FNE) assinala positi...

16 Abril 2021

Adiada para setembro negociação da mobilidade por doença

Adiada para setembro negociação da mobilidade por doença

A falta de consenso entre a tutela e sindicatos levou ho...

16 Abril 2021