A Federação Nacional da Educação (FNE) comentou à Lusa os mais recentes dados do TALIS 2024 (Teaching and Learning International Survey), inquérito esse onde participaram mais de 280 mil docentes de 55 sistemas de educação.
O TALIS indicou que os professores das escolas portuguesas são dos mais satisfeitos com o seu trabalho entre os da OCDE, apesar de mais de 20% dos docentes jovens ponderarem abandonar a profissão nos próximos cinco anos.
O secretário-geral da FNE, Pedro Barreiros, considerou que os resultados do TALIS refletem o que já se tinha apurado com a consulta nacional realizada pela federação no final do último ano letivo. “Há destaques que importa reter, nomeadamente no que concerne à indisciplina, também no que concerne ao trabalho burocrático que afeta o funcionamento das escolas e desvia os professores daquilo que é o seu principal papel, que é a relação pedagógica com os alunos”, sublinhou.
O sindicalista referiu que a vontade de mais de 20% de jovens professores em abandonar a carreira, nos primeiros anos da mesma, confirma uma crise de recrutamento e de retenção. “Há questões também daquilo que é a atratividade da profissão, mas também a manutenção dos professores ao longo da carreira na profissão. Há aqui um enfoque que é dado, não só no sentido de atrair professores, mas também mantê-los no início da carreira”, salientou, sustentando que “a estabilidade profissional, o salário adequado à função e à formação inicial são critérios essenciais”.
O secretário-geral alertou ainda para o impacto do envelhecimento do corpo docente.
A questão da indisciplina também foi abordada. Segundo Pedro Barreiros, é um problema “relatado cada vez com maior frequência” e que “reina diariamente e coabita quer o espaço sala de aula, que parte já fora da sala de aula”.
“É essencial e urgente que seja revisto o Estatuto do Aluno, porque é um documento que já tem uma vigência de cerca de 13 anos. Está completamente desatualizado daquilo que são as exigências do dia de hoje, e, portanto, importa tomar essas medidas para, mais do que fazer o diagnóstico, tomar as decisões que devem ser tomadas”, reforçou.
Fonte:
Sindicatos alertam para falta de estabilidade e cansaço – Observador