25 Julho 2025
Notícias FNE
A FNE apresentou publicamente os resultados da Consulta Nacional “Sobre a Carreira Docente e as condições de exercício profissional, no termo do ano letivo 2024/2025”, realizada entre os dias 13 e 27 de junho de 2025, constituindo-se uma amostra de 4 638 docentes que no presente ano letivo lecionaram nos níveis de ensino Educação Pré-escolar, 1.º, 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico, Ensino Secundário, Educação Especial e Ensino Profissional, em Portugal Continental, Regiões Autónomas e Estrangeiro.
Os resultados deste inquérito demonstram as condições em que decorreu o ano escolar que agora finaliza, nas dimensões da Carreira e condições de trabalho; as novas ferramentas digitais e o ensino; Formação contínua; e Indisciplina em contexto escolar.
Relativamente ao ponto "Carreira e condições de trabalho", o excesso de trabalho e a carga burocrática são assumidos por 98% como preocupantes ou fortemente preocupantes para a quase totalidade dos participantes.
Destaca-se igualmente a expressiva percentagem dos que afirmam que trabalham muito para aquilo que recebem (95,8%), o que dá nota de um nível muito elevado de insatisfação com os salários. Num elenco de preocupações sugeridas, a questão da remuneração é, aliás, para 96,3% assumida como preocupante, muito ou extremamente preocupante sendo também muito elevado o número dos que não incentivariam um jovem a escolher a carreira docente – 73,2%. Apesar de tudo isto, 94,4% dizem que gostam da sua profissão.
Sobre "as novas ferramentas digitais e o ensino" nota-se que a maioria discorda, ou totalmente, ou muito, da utilização pedagógica dos telemóveis pelos alunos na sala de aula no ensino básico - 52,8%. São 63,6% os que concordam com a utilização pedagógica dos telemóveis pelos alunos na sala de aula no ensino secundário e é esmagadora a percentagem dos que não concordam com a utilização dos telemóveis pelos alunos no recreio no ensino básico - 92,4%.
Já 64,7% dos participantes afirmam que não se sentem com conhecimentos para avaliar os trabalhos dos alunos realizados com recurso a ferramentas da Inteligência Artificial Generativa.
No ponto relativo à "Formação contínua" a esmagadora maioria (91,3%) afirma que teve acesso a formação contínua neste ano letivo. Já 34,2% não frequentou nenhuma ação de formação de capacitação digital e quase metade dos participantes (48,1%) teve de procurar oferta de formação contínua fora do Centro de Formação da sua escola.
É muito significativa (89,4%) a percentagem dos que consideram que a formação contínua que frequentaram no último ano letivo serviu para melhorar o meu desempenho docente e cerca de um terço dos participantes (32,8%) teve de pagar para frequentar ações de formação contínua, por não ter acesso a elas através do seu Centro de Formação.
A "indisciplina em contexto escolar" mostrou os problemas de comportamento dos seus alunos e os participantes assinalaram alguns dos pontos que mais os preocupam no seu dia a dia: Incapacidade de seguir regras – 63,2%, conversa em sala de aula – 33,6% e a distração com telemóveis - 14,8% (ex: mensagens de texto, câmaras fotográficas) foram alguns dos factos mais apontados.
Mas foram identificadas como dificuldades para lidar com a indisciplina outros pontos: Falta de apoio dos pais – 41,0%; Sensação de stresse e esgotamento devido à gestão constante do comportamento indisciplinado – 38,4%; ou Limitações administrativas decorrentes do Estatuto do Aluno – 27,1%.
Esta consulta terminou com uma questão aberta para que os participantes identificassem as três principais prioridades das reivindicações sindicais na atualidade, tendo sido registadas de uma forma maioritária as seguintes:
• A carreira e as condições do seu desenvolvimento;
• A valorização salarial;
• A diminuição da burocracia;
• A organização do horário de trabalho;
• O nível de indisciplina nas escolas;
• A alteração do modelo de avaliação de desempenho e a eliminação do regime de quotas;
• O respeito pelas especificidades do trabalho em monodocência;
• A alteração do modelo de gestão das escolas.
Em jeito de resumo, podemos concluir que a burocracia sufoca os professores, a indisciplina desgasta os docentes e a carência de apoios e condições de trabalho, compromete a profissão.
A fechar, ao compararmos as escolhas da consulta deste ano com as dos anos anteriores, e ao verificarmos que algumas das reivindicações do passado ou desapareceram ou se atenuaram, não podemos deixar de as interpretar como o efeito altamente positivo do acordo celebrado pela FNE com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação no dia 21 de maio de 2024, para a recuperação integral do tempo de serviço e para determinação de condições excecionais de desenvolvimento de carreira.
Consulte aqui o Relatório com os resultados completos da Consulta Nacional de junho de 2025
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