5 Dezembro 2024
Acontece
O ex-secretário-Geral do TUI da Irlanda, John MacGabhann, é o novo Presidente do Comité Sindical Europeu da Educação (CSEE) / Região Europa da Internacional da Educação (IE), eleito na Conferência (congresso) quadrienal de 26 e 27 de novembro de 2024, em Budva, Montenegro. Um mês antes do evento, a IE tinha já nomeado Jelmer Evers, dos Países Baixos, como novo Diretor do CSEE. Jelmer Evers vai iniciar o seu mandato no dia um de janeiro de 2025.
Este primeiro encontro presencial em oito anos reuniu líderes educacionais de toda a Europa para debater os principais desafios, eleger novos representantes e adotar resoluções cruciais para o futuro da educação pública. John MacGabhann do TUI, Irlanda, foi eleito o novo Presidente do CSEE, sucedendo ao escocês Larry Flanagan.
No seu discurso de tomada de posse, MacGabhann sublinhou a importância de ouvir atentamente as organizações filiadas no CSEE, de afetar eficazmente os recursos e de abordar o futuro da educação a longo prazo, especialmente no que se refere às alterações climáticas, como uma forte prioridade para os sindicatos.
Além do Presidente, a Conferência elegeu seis vice-presidentes do CSEE, que vão assumir os destinos da organização no próximo quadriénio. A surpresa foi a eleição da sérvia Valentina Illic (TUS) no lugar fora da União Europeia - UE / EFTA). A ela juntaram-se Cuqui Vera Belmonte (FECCOO - Espanha), Dorota Obidniak (ZNP - Polónia), Julien Farges (SNES-FSU - França), Lasse Bjerg Jorgensen (BUPL – Dinamarca) e Rob Copeland (UCU – Reino Unido). Alexandre Dias (FNE) ocupará o lugar de Portugal no Comité de países do CSEE.
Promover a democracia e a tolerância
A nova direção comprometeu-se a manter o compromisso do CSEE para com o ensino público inclusivo, a autonomia profissional e a solidariedade em toda a comunidade docente europeia. A conferência assistiu a um debate rigoroso e à adoção de várias resoluções importantes que irão moldar a agenda sindical para os próximos anos.
A resolução principal da conferência “Lutar pelo Futuro da Educação Pública numa Europa Social” foi apresentada pelo Presidente cessante, Larry Flanagan. A resolução sublinha a educação como um bem público e um direito humano, instando os sindicatos a lutar pela justiça social, por um financiamento equitativo e pela melhoria das condições de trabalho dos educadores e professores.
A resolução destaca igualmente a campanha da IE em curso “Go Public!” (“Por Uma Educação Pública”), que tem por objetivo reforçar o estatuto dos professores em toda a Europa.
A escassez global de professores foi um tema de destaque. A resolução salientou a necessidade de melhorar os salários, a autonomia profissional e as condições de trabalho para atrair e manter os professores. Assian Nimaga (NEU / Reino Unido) salientou: “Precisamos de condições e salários atrativos para resolver a questão da escassez de professores. Mentoria, formação e salários justos são fundamentais”. Por seu lado, o francês Julien Farges reiterou a importância de implementar as recomendações da UNESCO para enfrentar estes desafios.
Trudy Kerperien apresentou um novo documento político sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) na educação, salientando as oportunidades e os riscos colocados pelas tecnologias de IA. Niels Jørgen Jensen (DLF / Dinamarca) sublinhou a necessidade de os professores terem uma palavra a dizer sobre a forma como a IA é integrada nos seus ambientes de trabalho, apelando a um forte envolvimento dos sindicatos nestas decisões.
Reconhecendo o aumento do extremismo em toda a Europa, esta resolução sublinhou o papel da educação na promoção da democracia e da tolerância. Lucy Coleman (NEU / Reino Unido) declarou: “Temos de celebrar a diversidade e combater a política do ódio”, enquanto Martina Borgendale (GEW / Alemanha) apelou a uma melhor educação política e de cidadania para combater a influência da direita.
Combater o retrocesso democrático
Foi apresentado o novo programa de trabalho do CSEE 2025-2028, centrado no desenvolvimento da capacidade coletiva, no reforço da negociação coletiva e na defesa da justiça e da democracia. Anna Olskog (STU / Suécia) referiu que o programa ajudaria o CSEE a influenciar efetivamente a política da UE em matéria de educação, enquanto Katarina Murto (OAJ / Finlândia) salientou a importância de alinhar estas estratégias com as realidades financeiras.
A conferência contou com intervenções de fundo que inspiraram os delegados e reafirmaram o papel do CSEE na defesa da educação pública.
Mugwena Maluleke, Presidente da Internacional da Educação (IE), expressou a sua solidariedade inabalável com o movimento sindical europeu da educação e sublinhou que “os educadores devem defender em conjunto a educação pública, a dignidade dos professores e um futuro de esperança em que o conhecimento prevaleça sobre a ignorância.”
Jarkko Eloranta, Vice-Presidente da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) afirmou que “a educação deve continuar a ser um bem público. Precisamos de uma ação coletiva para a proteger e garantir a democracia.” Jelmer Evers, o novo Diretor Europeu do CSEE, falou dos desafios enfrentados pelas escolas devido ao “retrocesso democrático” e realçou a força do sindicato a partir das salas de aula e a necessidade de ligar os esforços locais aos níveis nacional e internacional, reforçando assim a solidariedade.
Reacender o espírito de unidade
Estar presente na Conferência do CDEE 2024 em Budva foi uma experiência imbuída de um sentimento de esperança, determinação e força coletiva. Os delegados de toda a Europa reuniram-se não só para votar e debater, mas também para se reencontrarem depois de anos separados. Apesar dos desafios dos últimos anos, incluindo a pandemia, a incerteza económica e o aumento do extremismo político, a atmosfera era de otimismo e de uma crença inabalável no poder da educação.
Larry Flanagan frisou que os sindicatos da educação sempre foram, e devem continuar a ser, os defensores dos valores humanos na sociedade. O seu discurso foi seguido de contributos que reforçaram o sentido de urgência na resolução do problema da escassez de professores e na resistência às pressões de privatização, mas houve também uma forte ênfase na construção de um futuro esperançoso e sustentável para a educação na Europa.
Os delegados debateram abertamente as dificuldades enfrentadas nos seus países, mas também partilharam histórias de sucesso, inspirando outros. O sentido de camaradagem foi evidente, uma vez que os participantes se apoiaram mutuamente durante os debates, aplaudiram de pé os líderes recém-eleitos e trocaram experiências em encontros informais. As atuações musicais de artistas montenegrinos acrescentaram uma riqueza cultural, que recordou a todos a diversidade dentro da unidade - um tema central para esta conferência.
A conferência de 2024 não foi apenas sobre as políticas ou resoluções adotadas. Foi sobre o reacender do espírito de unidade e a crença de que, através de uma ação coletiva, os professores de toda a Europa podem provocar mudanças significativas. Ficou assim claro que todos saíram de Budva mais conetados, mais determinados e prontos para enfrentar juntos os desafios que se avizinham.
FNE defende resoluções
A Conferência de Budva de 2024 marcou um ponto crítico para o CSEE ao abraçar uma nova liderança, reafirmar a sua missão e adotar estratégias para combater as ameaças à educação pública. À medida que a Europa continua a enfrentar desafios como a austeridade, o extremismo político e a escassez de professores, o sindicalismo da educação está pronto para defender ferozmente os seus membros e a profissão docente em geral.
O Presidente cessante Larry Flanagan, expressou a sua gratidão à IE e aos membros do ETUCE pelo seu apoio durante os tempos difíceis, encorajando a comunidade educativa a manter-se forte e unida face à adversidade.
Alexandre Dias interveio na resolução “Ação sindical para responder à escassez global de professores” e Joaquim Santos (FNE) apelou à sustentabilidade e à autonomia na sua defesa da resolução “Preparando o CSEE para os Desafios Futuros”.
Na conferência, foram ainda apresentados e aprovados o Plano de Atividades e o orçamento para o próximo quadriénio, enfatizando a necessidade de gerir de forma eficaz a organização, potenciando a sua ação junto das organizações sindicais e dos governos nacionais, incluindo a União Europeia, onde o CSEE assume o papel de parceiro social, representando as organizações sindicais no Diálogo Social Setorial Europeu da Educação.
Com CSEE
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